Vianna informa ter cobrado informações por parte do Complexo Regulador da SES-DF, que pode incorrer em práticas criminosas, em se confirmando omissão de números de leitos repassados ao governador
Por Kleber Karpov
Nesta terça-feira (30/Jun), o deputado distrital, Jorge Vianna (Podemos), repercutiu, durante a sessão extraordinária da Câmara Legislativa do DF (CDFL), matérias veiculadas na imprensa, em relação a divergências entre os números de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), informados oficialmente pelo GDF, com as de fato, disponíveis nas unidades de saúde. Para Vianna, é necessário que se esclareça se as informações repassadas pelo Complexo Regulador de Saúde do DF (CRSDF) da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF) ao governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB) são fidedignas ou manipuladas.
Vianna observou que Rocha se expôs a passar vergonha, publicamente, à partido do momento em que o GDF, informa a imprensa, e consequentemente à população do DF, quantitativos incorretos, para lidar com a pandemia do coronavírus (Covid-19). “Mais uma vez o governador Ibaneis passa vergonha, com os dados não fidedignos, por quê? Se você tem um comitê, um gabinete de crise que te informa, e com toda a felicidade o governador diz que conseguiu mais leitos para aumentar a ajuda no combate ao Covid, E aí o complexo regulador diz uma outra coisa. E aí, ficamos na dúvida. Que órgão está falando a verdade?”, questionou.
O deputado classificou ainda de “um grande escândalo”, ao informar que teve acesso, além de constatar que a tabela, referência dentro das unidades de saúde, e divulgada pela imprensa, de fato informa a quantidade real de leitos. Essa por sua vez, bem abaixo que as divulgadas pelo GDF. Para o parlamentar, repassar ao público, informações inverídicas, constitui crime, a ser apurado e, o envolvido deve ser investigado e, devidamente, responsabilizado.
“Me chama atenção e eu vi a tabela apresentada pela TV e pude confirmar que é real. É um grande escândalo. O Complexo Regulador, não teve a capacidade de informar a real situação. No mínimo o diretor do complexo regulador tem que responder um processo administrativo. Porque se o governador anuncia para todo o DF, que tem uma quantidade X de leitos e o Complexo Regulador sabe que não tem, e se omite em dar a informação, isso é um crime administrativo.”, disse.
O deputado questionou ainda a terminologia adotada no DF, de “leito reservado”. Para Vianna tal definição é inadmissível. “Ou o leito é apto, ou inapto.”, disse Vianna, ao observar ainda, a existência de leitos não regulados pelo complexo regulador.
“Existem hospitais em Brasília, públicos, que têm quantidades de leitos regulados para ele, o hospital, e não para a população de forma regular, para que se faça a regulação. Santa Maria por exemplo, hoje, tem 10 leitos que não são regulados. E aí o diretor do CR dá entrevista falando assim: – Não, realmente existem esses leitos que não estão computados. Mas induz o governador a dizer que estão disponíveis para Covid, mas não estão pois não estão regulados. Então, que informação é essa que o CR tem que fica para ele, que o governador não tem e que não passa para a população. Isso é um crime.”, disse Vianna ao sugerir que ocorra investigação, por parte do Ministério Público.
O deputado informou ainda que solicitou informações à Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF) sobre os números de leitos existentes e, ainda, sobre a utilização sobre os tais ‘leitos reservados’”.
Confira a manifestação
Entenda o caso
Na segunda-feira (29/Jun), o telejornal DFTV, da Rede Globo, divulgou reportagem em que apontou haver divergências em cerca de 150 leitos de UTIs, entre a quantidade de leitos anunciados pelo GDF e as de fato, disponíveis nas unidades de saúde. Quantidades essas que, embora o governo tenham anunciado como prontas para atender pacientes infectados por Covid-19, na prática estavam com bloqueios ou algum tipo de restrição, seja por falta de manutenção, equipamento ou de recursos humanos.
Com tal discrepância, entre a disponibilidade de leitos de UTI, oficialmente, o GDF atua e toma decisões, sob a premissa de ter cerca de 65% de ocupação de leitos, para pacientes com Covid-19, quanto na prática, a Assistência Pública de Saúde (APS), pode estar com praticamente 100% de ocupação.